Arquivo do blog

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cap 7- Os Vencedores e o Tribunal de Cristo- (3ª Parte)

Diferença entre a salvação e o reino


Satanás quebrou a ordem divina instaurada no universo, envolvendo nele mais tarde o homem. Mas o Filho de Deus encarnou para iniciar a restauração de tudo, conforme o propósito inicial de Deus, incluindo a Igreja que Ele mesmo resgatou, até instaurar sobre a terra o reino dos céus, até que sejam postos todos seus inimigos por estrado de Seus pés.O Pai é quem nos revela a Seu Filho Jesus Cristo, por Seu Espírito, o qual é quem nos dá a convicção e a capacidade de arrepender-nos, "8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;9 não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef. 2:8,9). Essa salvação não está condicionada a obra alguma de nossa parte, nem boa nem má, e dela não nos separará nem o presente nem o porvir*(1). Esta salvação corresponde ao espírito. Mas a alma também deve ser salva; e devemos nos ocupar da salvação de nossa alma, de nosso eu, com temor e tremor*(2). Se não se faz uma clara diferença entre a salvação da alma e do espírito, a confusão é grande. Não confundas a alma e o espírito. O homem é um ser tripartido. A alma é o eu da pessoa, ali está a sede de sua personalidade, pois é o assento do intelecto (pensamentos), vontade (faculdade de decidir) e emoções, e dali emana sua responsabilidade e seu poder de decisão. Portanto, é necessário que nosso espírito (homem interior, o chama Paulo), já salvo, seja fortalecido com o poder do Espírito Santo, para que em conseqüência habite Cristo pela fé em nossos corações, que é outra forma bíblica de chamar a alma mais a consciência do espírito*(3), e chegue a ser Ele vivendo em nós e não nós mesmos*(4). Quando isto ocorrer, teremos sido aperfeiçoados pelo Senhor, teremos salvo nossa alma e teremos chegado a ser verdadeiros vencedores.
*(1) Cfr. Romanos 8:38*(2) Filipenses 2:12*(3) Efésios 3:16,17*(4) Gálatas 2:20
A salvação do espírito se relaciona com a vida eterna, e a salvação da alma e as boas obras estão intimamente relacionadas com a participação no reino, que são dois aspectos diferentes. Uma coisa é a salvação eterna, que é um dom de Deus imerecido e que não se perde, e outra coisa diferente é a recompensa de Deus ou o castigo temporário durante a era do reino. O problema da eternidade já está resolvido desde antes da fundação do mundo e faz dois mil anos que teve seu cumprimento na cruz do Calvário, mas o da posição no reino e sua recompensa dependem de que nós nos mantenhamos firmes. Não se deve confundir o reino com a salvação eterna. A salvação se recebe pela fé; é um presente, é a vida eterna; por outro lado, no reino se entra por nossa fidelidade até a morte, se recebe por obras, por obedecer ao Pai; no caso de Esmirna é a coroa da vida. Quando a palavra de Deus diz em Romanos 8 que não nos separará do amor de Cristo nem o porvir, ali não está condicionando que classe de porvir em nossas vidas. Aconteça o que acontecer no futuro, não perderemos nossa salvação eterna. Romanos 8:35-39 declara que não há maneira de separar-nos de Cristo. Nossa salvação eterna não se perde, pois não depende de nossas obras nem de nossas justiças próprias; se assim fosse, aparte de que anularia a obra do Senhor, se acaso hoje fosse salvo e amanhã não; talvez depois de amanhã sim; e depois? Nossa salvação nem sequer assim poderia sustentar-se firme, pois nada do que façamos ou deixamos de fazer nos fará merecedores de podermos chegar até Deus. A Bíblia não indica nenhum caminho nem esforço humano para chegar a Deus. Pelo contrário, nos revela que a melhor de nossas justiças é como trapo de imundícia frente à obra de Deus; mas, graças ao Senhor que nossa salvação não depende de nós, inúteis humanos, depende da obra que Cristo levou a cabo por nós em Sua encarnação, em Sua morte na cruz, em Sua ressurreição e em Sua glorificação. Tudo tem feito Cristo, "que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos" (2 Timóteo 1:9). "Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos,5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo " (Tito 3:4.5).A Bíblia diz que a salvação é um presente de Deus que não se perde, pois fomos salvos uma só vez e para sempre; diz que ninguém tem merecido a salvação, nem pode fazer algo de sua própria natureza para recebê-la. É um presente que se recebe pela fé, e a própria fé nos é dada por Deus. É Deus que tem eleito à quem vai salvar. Deus "4 assim como nos escolheu nele ( Em Cristo) antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor " (Efésios 1:4). Diz em João 15:16: " Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda". Desde antes da fundação do mundo temos sido predestinados a uma salvação que não se perde jamais. "Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna" (At. 13:48). Levemos em conta que o que Deus dá, não tira. "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados" (Ef. 2:1); aqui, como em outras partes, aparece no passado, se trata da salvação do espírito; por outro lado quando se trata da salvação da alma, sempre aparece no presente ou futuro. Por exemplo, diz 1 Timóteo 4:16: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes ". Também Lucas 21:19 diz: "É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma".A maioria dos teólogos, mestres e estudiosos da Bíblia, em sua concepção e exegese tradicional ignoram ou seguem tendo dificuldade para interpretar e concordar corretamente o conteúdo das passagens que se relacionam com o tribunal de Cristo e o juízo da Igreja. Ao ignorar a exegese dos respectivos textos ou se confundirem, tem chegado à concepção da falsa doutrina de que a salvação se perde, porque não fazem diferença entre a alma e o espírito e seus respectivos tempos de salvação. Se tu és um legítimo cristão, não estás perdido eternamente, mas pode ser que leves uma vida vencida e tenha motivos suficientes para merecer um tratamento adicional do Senhor; esse tratamento disciplinar pode ser executado agora, nesta era da Igreja ou quando vier o Senhor, o qual não significa que se vá perder tua salvação eterna. É muito certo o que nos diz João 3:16, mas também é certo o que nos diz Apocalipse 2:11. Podemos fazer, por exemplo, uma relação entre Mateus 5:13 com Lucas 14:34-35.Nos diz o Senhor em Mateus 5:13: "Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens". Os cristãos são o sal da terra. O que significa ser lançado fora? Significa ser excluídos do reino dos céus. Diz em Lucas 14:34-35, onde o Senhor nos dá a chave: "34 O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?35 Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça ". O sabor e utilidade desse sal dependem da conduta do crente nesta terra, de seu grau de renuncia ao mundo e aos deleites terrenos. O que acontecerá com os que não renunciam a todas as coisas da vida presente? Que não serão aptos para o reino dos céus (na terra), nem para a estrumeira, ou inferno, porque são filhos de Deus, então serão lançados da glória do reino às trevas exteriores. Se tu és um cristão derrotado, jamais deixas de ser um filho e servo de Deus, mas há em tua vida a opção de ser jogado fora da terra, às trevas exteriores, longe da glória do reino de Cristo, durante o Milênio. Como temos anotado no capítulo 4, em muitas partes da Palavra de Deus vemos que haverá diferentes classes de castigos disciplinares para os crentes derrotados.O sermão do monte foi dito pelo Senhor a Seus discípulos, e são princípios e normas que se referem ao reino, para que a Igreja saiba o que lhe corresponde quanto ao trato e inter-relações dos irmãos, seus compromissos e atividades na obra do Senhor, sua atitude frente às coisas terrenas. No Antigo Testamento, temos o Salmo 89, um salmo messiânico que se relaciona com o pacto de Deus com Davi, o qual tem seu pleno cumprimento com o Senhor Jesus Cristo, de quem nos versos 27-29 diz:" 27 Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra.28 Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça e, firme com ele, a minha aliança".Logo nos versos 30-37 nos diz: "30 Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos,31 se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, 32 então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniqüidade.33 Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade.34 Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram.35 Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?):36 A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim.37 Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço".Vemos que o não vitorioso terá seu castigo, ainda que não perderá sua salvação. Se sabe pela Palavra de Deus que no cristianismo professo há discórdia e gente não regenerada dentro de suas fileiras, e já sabemos o que sucederá com essas pessoas, mas também é um fato indiscutível que na Igreja, entre os regenerados e lavados pelo sangue do Senhor há servos fiéis, menos fiéis e infiéis, vencedores e derrotados, valentes e covardes, maduros e imaturos, espirituais e carnais, diligentes e negligentes, crianças flutuantes e adultos na fé. Em Mateus 24:45-51, encontramos o que acontecerá tanto com uma classe de servos como com a outra, na vinda do Senhor e o estabelecimento de seu tribunal, quando diz:" 45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?46 Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.47 Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens.48 Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se,49 e passar a espancar os seus companheiros e a comer e beber com ébrios,50 virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera e em hora que não sabe 51 e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes ".Onde estiverem os hipócritas sofrendo eternamente, ali mesmo estarão sendo castigados por um tempo (diz, sua parte) os crentes descuidados, desobedientes, glutões, bêbados, viciosos, preguiçosos, mundanos, amadores dos prazeres mais que de Deus; os que buscam impor sua autoridade e suas leis na igreja. É importante ter em conta que a Escritura diz com toda clareza que somos salvos pela graça de Deus mediante a fé, como um presente de Deus em Cristo; entretanto, a continuação e as entrelinhas seguidas afirmam no mesmo contexto que o Pai preparou um trabalho exclusivo para cada um de nós. "10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" (Ef. 2:10).Isso significa, não obstante, que como filhos de Deus, temos a responsabilidade diante Dele de fazer algo específico que Deus preparou para que fizéssemos, dentro dos propósitos Dele na edificação de Sua casa, e do qual devemos dar conta. Deus não tem deixado Sua criação nem muito menos a edificação de Sua Igreja ao arbítrio dos homens. É necessário trabalhar de acordo a um plano minuciosamente traçado pelo Senhor, de acordo com Sua vontade, e seguindo os fundamentos bíblicos. Não se trata, pois, de fazer as coisas de acordo com nosso próprio plano e propósito, assim nos pareça que o que fazemos é perfeito e aceito por Deus.É necessário, pois, e para benefício nosso, que desviemos nossa atenção dos meros interesses terrenos, tanto de tipo pessoal como dos relacionados com organizações religiosas não fundamentadas na Palavra de Deus, e não descuidar a salvação de nossa alma. "...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor" (Fp. 2:12); e a razão disto encontramos também na bendita Palavra de Deus, quando diz " Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?" (Mateus 16:26). De acordo com o contexto, isto não disse o Senhor às multidões mundanas e sim a seus discípulos. Disse o irmão W. Nee:"Não podemos mesclar a perdição eterna com a disciplina. Muitos versículos, que parecem dizer que os cristãos podem se perder de novo, realmente falam da disciplina dos cristãos. Não só está o assunto da disciplina e o assunto da falsidade, Mas também o assunto do reino e da recompensa. Estas poucas coisas são fundamentalmente diferentes. Muitas vezes, aplicamos as palavras para o reino à era eterna, e as palavras com respeito à recompensa ao tema da vida eterna. Naturalmente, isto produzirá muitos problemas. Devemos dar-nos conta de que existe uma diferença entre o reino e a salvação, e entre a vida eterna e a recompensa. A maneira em que Deus tratará conosco no milênio é diferente da maneira em que Ele tratará conosco na eternidade. Há uma diferença na maneira em que Deus trata com o homem no mundo restaurado e no mundo novo. O milênio está relacionado com a justiça. Está relacionado com nossas obras e com nosso andar depois de que temos chegado a ser cristãos. O reino milenar tem como propósito julgar nosso andar; entretanto, na eternidade, nos novo céu e nova terra, tudo é graça gratuita. E o que tem sede pode vir e beber gratuitamente (Apocalipse 22:17). Esta palavra é falada depois de que os novos céus e a nova terra tenham vindo".*(5)
*(5) Watchman Nee. O Evangelho de Deus. L. S. M. Tomo II. Pág. 357.

Nenhum comentário:

Postar um comentário